Formação Express #5: Como elaborar estudo de viabilidade para a sua empresa
Esta publicação (com vídeo no final) destina-se a quem quer saber quais os pontos essenciais para elaborar, analisar e avaliar um projeto de investimento.
Seguiremos todos os passos do processo, começando pela definição dos pressupostos, a previsão dos investimento, a projeção de vendas e custos, a criação de um plano de financiamento e, por fim, como interpretar o resultado final e efetuar a avaliação do projeto.
Objetivos:
- Estruturar um projeto de investimento.
- Identificar os diferentes tipos de investimento;
- Conhecer e inter-relacionar as fases de elaboração de um projeto;
- Elaborar e analisar um projeto de investimento;
- Adequar o processo de financiamento às características do investimento;
- Dominar instrumentos básicos para análise de sensibilidade e risco, na apreciação de projetos;
- Utilizar o Software Business Planner como ferramenta adequada à implementação e análise de projetos
Este conceito "express" é totalmente orientado para dicas e boas práticas sobre diversas temáticas de gestão. Sempre com conteúdos online e de curta duração.
O que deve conter um Estudo de Viabilidade?
Essencialmente 4 aspetos.
- Plano de Investimento
- Plano de Exploração
- Plano Financeiro
- Viabilidade Económica e Financeira
O que é preciso para um plano de investimento?
Em primeiro lugar é importante perceber qual o montante do investimento.
Depois, ser claro como é que vai ser repartido ao longo do tempo (vida útil do projeto).
Por último, que tipo de investimentos serão feitos e qual a divisão que irá ser feita do projeto. Ou seja, qual a aplicabilidade que vai haver desse investimento.
O que deve incluir o plano de exploração + plano financeiro?
Esta secção deve formular de forma credível e compreensível um conjunto de projeções que reflitam a performance da organização.
Deve incluir um conjunto de pressupostos onde cada projeção deve ser clara e precisa. Por exemplo: projeção de rendimentos para 3 ou 5 anos; no primeiro ano por mês, no segundo por quadrimestre, etc.
Atenção que:
- A projeção dos cash flows para os primeiros anos deverá ter o maior detalhe possível.
- Folha de balanço e demonstração de resultados que reflitam as posições patrimonial e financeira.
- Outras projeções financeiras, nomeadamente de vendas e análise "break-even".
Outro aspeto importante quando estamos a elaborar um projeto de investimento: Minimizar riscos.
Deve-se assegurar que os pressupostos podem ser justificados e são consistentes com a atual economia, mercado, tendências, etc.
Os pressupostos mais importantes devem ser bem explicados no plano.
Devem ser estudados cenários mais favoráveis e menos favoráveis (por exemplo, análise de sensibilidade).
Como usar um projeto de investimento?
A maioria das pessoas pensa que elaborar um projeto de investimento é algo necessário para começar uma empresa, candidatar-se a um sistema de incentivo Portugal 2020, a um empréstimo ou para encontrar investidores.
É verdade que é vital para tudo isto, mas serve para muito mais. Preparar um projeto de investimento e um plano de negócios é uma forma lógica e organizada de olhar para todos os aspetos mais importantes de uma ideia de negócio.
Invista o tempo necessário para o fazer validar. Só depois deverá avançar para as componentes da implementação e/ou apresentação.
Um projeto de investimento não é uma estrutura rígida, devendo ser flexível de acordo com a constante mudança dos mercados.
É ainda parte de um processo mais vasto - a implementação da sua ideia!
Por isso, deverá ser acompanhado de um plano de negócios.
O ideal é ver um plano como uma parte essencial de todo o processo de criação de valor. Ou seja, a elaboração de um projeto de investimento é a parte que vai representar a transcrição da nossa estratégia para a parte financeira e para a parte da viabilidade da empresa.
Mesmo o melhor dos planos é desperdiçado se ninguém o seguir e implementar.
O processo específico de um projeto de investimento abrange as seguintes fases
- Determinação de objetivos (não só objetivos financeiros mas também objetivos económicos);
- Seleção do método de combinação dos recursos disponíveis para alcançar os objetivos;
- Determinação das despesas e receitas associadas à efetivação da escolha;
- Seleção da proveniência de recursos;
- Enquadramento legal e administrativo do projeto.
Tradução das fases em termos de estudos
- Estudos de mercado e localização;
- Estudos técnicos e de dimensão;
- Estudos de enquadramento legal, social, ambiental, etc.;
- Estudos de rendibilidade financeira e económica (análise da viabilidade).
Investimento - em sentido económico, técnico e financeiro - é não só a criação ou aquisição de ativos fixos, como também toda a operação que tenha por objeto adquirir ou criar meios a serem utilizados permanentemente pela empresa durante um período.
Estrutura - Tipo de um dossier de investimento
#1 Análise/Avaliação da empresas e respetivo historial (partindo do pressuposto que a empresa já existe):
- Apresentação da empresa/empresário e responsáveis funcionais;
- Identificação de atividades principais e secundárias;
- Identificação histórica da empresa (produtos/tecnologias/capacidade/balanços, demonstrações de resultados e outros mapas de pelo menos 3 anos);
- Cultura da empresa e relação com o meio envolvente;
- Avaliação do espírito empreendedor;
#2 Apresentação do projeto e respetiva fundamentação
- Caracterização do novo projeto (tipo, produto-serviço e funcionalidades, localização, dimensão, relevância da concretização);
- Fundamentação (qualquer projeto precisa de uma fundamentação forte, clara e inequívoca, mesmo antes dos cálculos se perceba da sua absoluta necessidade).
#3 Estratégia do projeto
- Identificação da estratégia subjacente ao lançamento do projeto;
- Identificação da mais valia do projeto/criação de riqueza;
#4 Plano do projeto
Comporta a descrição e escalonamento temporal dos investimentos previstos.
Os estudos técnicos são fundamentais a nível do processo de decisão do investimento e para elaborar um projeto de investimento, na medida em que do realismo e justeza da solução técnica depende a validade da análise económica e financeira de rendibilidade.
Culmina na elaboração dos seguintes documentos:
- Descritivo caracterizador dos investimentos a realizar;
- Mapa síntese do investimento em valor;
- Calendário de execução dos investimentos.
#5 Plano de investimento
Comporta em detalhe os investimentos em capital fixo, capital circulante e ouros quando necessário.
Do escalonamento temporal do investimento depende a correta elaboração do plano de financiamento, nomeadamente, a harmonização das datas de encomenda, receção e pagamentos a fornecedores e mobilização de fundos próprios e alheios.
#6 Plano de exploração
- Estudos de mercado;
- Quadros de pessoal;
- Estrutura de custos e receitas operativas;
- Política de amortizações e provisões;
- Política de fundo de maneio e necessidades de fundo de maneio;
- Demonstração de resultados e outros mapas previsionais.
#7 Plano de financiamento
- Mix de financiamento (capitais e respetivos reembolsos);
- Demonstrações dos fluxos de caixa.
#8 Alguns indicadores de rentabilidade do projeto
- VAL ou VLA;
- TIR (taxa mínima de rentabilidade);
- Payback atualizado;
- Ratio benefício/custo
- Retorno do Investimento (ROI)
Todos os indicadores devem ser apoados pela taxa de atualização, análise de risco e análise de sensibilidade.
Resumindo....
A elaboração de um projeto de investimento permite que o empreendedor valide a sua ideia ou melhor, o seu potencial, estando preparado para a respetiva implementação.
Um projeto de investimento deve ser confrontado com a realidade de modo a detetar desvios (positivos e negativos) e explicar a razão da ocorrência deste tipo de fatos.
Despesa (ótica financeira) é diferente de custo/gasto (ótica contabilística) e de pagamento (ótica de tesouraria).
Despesa: Ocorre no momento da realização da compra e respeita fatos que originam a obrigação de pagar.
Custo ou gasto: corresponde a um critério de imputação contabilístico dos valores incorporados na produção.
Pagamento: corresponde à saída monetária a partir da empresa.
Alguns fatores chave para elaborar um projeto de investimento
- Os projetos de investimento deverão ser concretos e orientados para objetivos;
- Deverão conjugar a implementação com estratégia;
- Através dos projetos de investimento, estabeleça objetivos, defina responsabilidades e prazos;
- Deverá estar prevista a realização de ações de controlo periódicas de revisão e correção de situações.
Noção de cash flow e avaliação
Fluxo de caixa (de dinheiro) que se espera receber (cash-in flow) e fluxo de caixa (de dinheiro) que se espera pagar (clash-out flow).
Existem 3 documentos base de uma organização:
- Balanço (representa um "flash" da situação patrimonial da empresa num dado momento);
- Demonstração de resultados (fornece informação contabilística em relação a um determinado período respeitante aos proveitos, custos e resultado liquido do exercício. Por outro lado, não fornece diretamente informação sobre receitas/recebimentos e despesas/pagamentos);
- Demonstração de fluxos de caixa.
Como medir a rentabilidade de um projeto de investimento?
Questão: o resultado líquido do exercício (lucro/prejuízo) apurado na demonstração de resultados é adequado para media a rentabilidade de um projeto?
R: Não! O resultado líquido do exercício pode ser diferente (e geralmente é) do cash flow de exploração desse mesmo exercício.
Enumeramos algumas razões:
#1 Procedimentos dos registos contabilísticos
- Os tratamentos contabilísticos têm a ver com exigências legais que não coincidem com as necessidades de outros interessados (acionistas, bancos, etc);
- Consoante as finalidades, pode ser diferente a afetação de determinados proveitos e custos (por exemplo, custos operacionais vs. custos de capital);
- Pode ser diferente a repartição no tempo de custos e proveitos (1 ou mais exercícios).
#2 Valorimetria das existências
Consoante o método utilizado (LIFO, FIFO, Custo Médio Ponderado) num exercício, obtém-se resultados diferentes.
Os desfasamentos entre os métodos são tão mais pronunciados quanto maior for o índice de inflação.
#3 Cálculo das depreciações/reintegrações do exercício (e exercícios seguintes)
As depreciações contabilísticas podem não coincidir com as depreciações fiscais dependendo de necessidades dos fins em vista.
As depreciações fiscais, se excessivas, ficam sujeitas a impostos.
#4 Fatos contabilísticos (conta exploração de um exercício podem não coincidir com os verdadeiros cash-flows de exploração do mesmo exercício
Como é calculado o cash-flow de exploração e o cash-flow de investimento?
Depois de desenvolver balanço e demonstração de resultados previsionais, é importante desenvolver o mapa de cash-flows.
Período de vida do projeto
Do ponto de vista técnico: período de vida em função das características técnicas do projeto e dos processos com as mesmas, correlacionados (em grande parte das vezes) pelo fabricante.
O período de vida técnico (ou tecnológico) pode depender do lançamento de uma nova tecnologia (com menores custos e/ou qualidade.
Por outro lado, do pondo de vista económico: período de vida em função da aceitação do produto no mercado.
O período de vida económico (ou físico) também está associado à duração ótima de exploração (por exemplo, equilíbrio entre os custos crescentes de manutenção e valores decrescentes das vendas).
Questão: qual o período - técnico ou económico - que deve ser escolhido?
Deve escolher-se o período mais curto dos dois (técnico e económico).
Custo de oportunidade
Quando o projeto utiliza recursos da empresa que não estão a ser utilizados, por exemplo, máquinas usadas paradas, terrenos não utilizados, armazéns fechados, mesmo assim, esses bens/equipamentos possuem sempre um custo de oportunidade (CdO).
CdO corresponde ao rendimento perdido pela empresa devido ao facto do projeto poder utilizar esses bens, deixando a empresa de os poder utilizar para outro fim.
Trata-se da remuneração mais baixa que se está disposto a aceitar para o capital a investir.
Representa o poder gerador correspondente ao pior projeto susceptível de ser incluído num programa de investimento.
Taxa de rendibilidade da melhor aplicação alternativa com o mesmo risco.
ou então,
A Taxa de rendibilidade mínima exigida ao projeto pelos investidores.
Ópticas de análise dos cash-flows
- Cash-flow na óptica da rendibilidade (mede os resultados gerados pelo projeto com os meios que lhe deram origem);
- Cash-flow na óptica da solvabilidade (capacidade de um projeto para garantir o cumprimento das dívidas contraídas).
Avaliação a preços correntes ou preços constantes
Não existe uma regra específica para a adoção de cada critério.
Está mais relacionado, no entanto, com o resultado que pretende-se retirar do projeto e com o enquadramento com que está a ser desenvolvido.
Por questões de estimulação, há que faça o mesmo processo tanto a preços correntes como a preços constantes.
Avaliação a preços correntes
Os preços relativos dos bens e serviços variam. Ou seja, os preços do próprio ano em que se registam.
Atualização: faz-se a uma taxa nominal (incorpora o efeito da inflação).
Avaliação a preços constantes
Os preços relativos dos diferentes bens e serviços mantêm-se constantes. Ou seja, os valores são apresentados aos preços do ano de elaboração do projeto (ano zero).
Atualização: faz-se a uma taxa real.
Avaliação na óptica do projecto ou na óptica do investidor
Avaliação na óptica do projecto
A despesa de investimento é constituída pelo capital próprio e capital alheio.
A avaliação nesta óptica não é influenciada pela decisão de financiamento.
Avaliação na óptica do investidor
A despesa de investimento é constituída apenas pelo capital próprio com que entra no projeto.
A avaliação nesta óptica é influenciada pela decisão de financiamento. Ou seja, considera o grau de endividamento.
Assista ao vídeo e saiba como elaborar projeto de investimento para a sua empresa.
Disclaimer: Imagens e texto foram construídos com base na apresentação do Rui Alves.